quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Google está fraudando os resultados, diz Buscapé

O Buscapé comunicou nesta quinta-feira ter representado contra o Google junto à Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça. A companhia alega que o principal motor de busca do mundo está fraudando os resultados das consultas orgânicas para favorecer indevidamente seu próprio comparador de preço chamado Google Shopping, lançado recentemente no Brasil.

Especificamente, o Buscapé afirma que apenas as imagens dos produtos cadastrados no Google Shopping são visualizadas nos resultados das pesquisas orgânicas do buscador, incluindo avaliações, comentários, número de lojas anunciantes e até mesmo preços.

Além disso, a empresa alega que as páginas do Google Shopping já ocupavam as primeiras posições nos resultados orgânicos desde seu lançamento, sendo incomum para um produto recém-lançado, o que poderia apontar para fraude nos resultados.

Segundo a empresa, haveria evidências de que a busca do Google não seria isonômica, além da comparação feita pela Google Shopping ser menos eficiente. Assim, os consumidores poderiam ser prejudicados por comparações de preços de menor qualidade, aumento artificial do poder de mercado do Google no ramo de publicidade virtual, conjugado com um aumento de preços dos espaços publicitários on-line.

Com essa representação, a companhia também aponta que a sociedade será a maior prejudicada com a forma predatória de atuação do Google, que vem tentando ampliar suas linhas de negócios. O vice-presidente de operações do Buscapé, Rodrigo Borer, aponta que a representação tem como objetivo demonstrar que toda sociedade brasileira perde com manipulação dos resultados da busca, já que é hoje a atual ferramenta pelo qual os internautas buscam informações, de notícias a decisões de compra. “O mercado está sendo prejudicado por práticas discriminatórias e, quando lançou o novo serviço, privilegiou a posição do Google Shopping em detrimento dos outros sites”, alerta. De acordo com Borer, o Buscapé pode provar tecnicamente que os resultados das buscas no Google são “artificiais e manipulados”. Com base na denúncia, o Google tem prazo de 15 dias para se manifestar junto à SDE.

De acordo com especialistas dá área, a tentativa do Google de ampliar suas linhas de negócio é antiga. A empresa adquiriu a Motorola para reforçar seu sistema operacional para celulares Android, brigando diretamente com o iPhone, e tem ambição de lançar um tablet no ano que vem. Além disso, investiu no Google+ para abocanhar fatia do mercado dominado pelo Facebook.

Já as práticas de abuso de poder de mercado do Google estão sendo investigadas em várias partes do mundo, como Inglaterra, Estados Unidos, Itália e França, sendo que neste último, inclusive, houve condenação e acordos confidenciais na Italia.  O Comitê Antitruste do Senado dos EUA está apurando práticas discriminatórias da companhia de direcionamento de buscas em vários setores da internet. Para os parlamentares, o Google tem usado sua penetração no mercado de busca para entrar em mercados correlatos. A solicitação do Senado é a de que o Federal Trade Commission (FTC) investigue as possíveis práticas com profundidade.

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